Ulaanbaatar – A Mongólia esquecida de Khan
O crescimento astronômico da Mongólia vem
chamando a atenção mundial nos últimos anos, mas é considerada uma bolha que decorre da expansão de sua
mineração. Os minérios descobertos vão das gigantescas reservas de cobre, ouro,
urânio, carvão mineral e estanho no sul do país, mais próximo da China. A
Mongólia é um país que participava da União Soviética, que depois de sua dissolução
passou por uma crise muito profunda.
Conta
somente com cerca de 2,8 milhões de habitantes, muitos vivem do pastoreio,
ocupando uma área de pouco mais de 600 mil quilômetros quadrados, pouco maior
que o Estado de Minas Gerais. Tem como capital Ulaanbaatar, que já concentra
mais de 40% da população do país. Segundo os dados do FMI – Fundo Monetário
Internacional, a economia da Mongólia cresceu 6,4% em 2010, assustadoramente 17,3%
em 2011, 12,3% em 2012 e estimado em 14,2% para os próximos 5 anos. Mas
isto, infelizmente, está ocorrendo concentrado na mineração, com poucos
benefícios para os mongóis e a predominância de empresas estrangeiras,
australianas, canadenses, chinesas, francesas e russas. Inclusive a Vale
brasileira conta com um projeto naquele país para a produção de carvão mineral
indispensável para o Brasil.
Tudo isto
está ocorrendo com uma forte concentração da renda naquele país, com muitas autoridades acusadas de corrupção,
inclusive na concessão das explorações minerais para empresas estrangeiras. Uma
das poucas atividades que conseguem resistir a esta exagerada concentração é a
indústria de cashmere de lã. Acelera-se também o aumento da população na
periferia de capital, com muitos morando sem o mínimo de condições sanitárias,
como abastecimento de água e sistemas de esgoto. Poucos mongóis tentam o
garimpo, muitos de formas ilegais.
A
economia mongol passou a ser altamente dependente da demanda de minérios por
parte da China, que também ativa a sua exploração, principalmente de carvão
mineral na região chamada de Inner
Mongólia, que fica em território chinês. Informa-se que as poluições e os
congestionamentos de tráfego em toda esta região estão próximos das
calamidades.
Alguns empresários estrangeiros aventureiros se
destacam pela sua atuação no país, envolvendo também políticos de alto nível local que também estão acusados de corrupção.
O fato concreto é que mineradoras internacionais de destaques estão presentes
no país, mas com suas atividades
predatórias que não parecem sustentáveis por um longo período, o que leva à
caracterização de se tratar de uma bolha, lamentavelmente.
A
Mongólia, no seu conjunto, enfrenta uma ambiguidade caracterizada por
crescimento dramático com profundas desigualdades, declínio da economia do
pastoreio e forte degradação ambiental. Isto mostra que o simples
desenvolvimento econômico não é uma solução para os problemas da Mongólia.